CFF atualiza resolução que define as atribuições do farmacêutico magistral. Saiba o que mudou

A Resolução CFF nº 467/2017, que define, regulamenta e estabelece as atribuições e competências do farmacêutico na manipulação de medicamentos e de outros produtos farmacêuticos, foi alterada. A nova versão, que deverá ser publicada no Diário Oficial da União nos próximos dias e também no Portal da Transparência do Conselho Federal de Farmácia (CFF), foi aprovada por unanimidade no dia na sexta-feira (28), durante a 529º Sessão Plenária Ordinária do conselho, em Brasília. O conselheiro federal pelo estado de São Paulo, Dr. Antonio Geraldo Ribeiro, apresentou a proposta. Elaborado pelo Grupo de Trabalho da Farmácia Magistral, do CFF, sob a supervisão da Comissão de Legislação e Regulamentação (Coleg), o texto final foi fruto de contribuições de audiências públicas e de entidades ligadas ao segmento, como a Associação Nacional dos Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag). Mas o que mudou na resolução? Na avaliação do Dr. Antonio Geraldo, a mudança representará mais empoderamento ao farmacêutico magistral por impactar diretamente na autonomia do profissional que atua no setor. “A nova resolução estabelece que, compete ao farmacêutico, na farmácia com manipulação, manipular, dispensar e comercializar medicamentos isentos de prescrição, bem como cosméticos e outros produtos farmacêuticos magistrais, independente da apresentação da prescrição”, comenta o conselheiro federal. “O mesmo vale para medicamentos de uso contínuo e outros produtos para a saúde, anteriormente aviados, independente da apresentação de nova, excetuando antibióticos e controlados.” Para o diretor executivo da Anfarmag, Marcos Antônio Fiaschetti, a nova resolução do CFF é um avanço e um marco regulatório importante para o setor. “Essa nova resolução, ao definir, regulamentar e estabelecer as atribuições e competências do farmacêutico na manipulação, torna este profissional referência em informações e decisões estratégicas para o melhor tratamento individualizado do paciente. O CFF inova justamente pela compreensão da importância tanto técnica quanto social do farmacêutico magistral no cuidado individualizado em saúde”, declara. Texto: Conselho Federal de Farmácia

Pesquisas em MTM trazem novas perspectivas para o ajuste de doses feito pelo farmacêutico

O serviço de monitoramento terapêutico de medicamentos (MTM) depende da atuação de vários profissionais num hospital. Mesmo sem ser uma atribuição privativa do farmacêutico, o ajuste de doses é uma atribuição muito própria da atividade farmacêutica. O farmacêutico pode estar envolvido em todas as etapas do MTM. Desde solicitar exames, coletar amostras para exames laboratoriais, fazer a análise e emitir laudo de resultado, interpretar estes resultados e fazer os ajustes de doses na prescrição. Quem atua nessa área luta para que essa seja uma atividade privativa do farmacêutico, já que esse profissional tem formação e conhecimento para realizar os ajustes conforme a farmacocinética do medicamento (absorção, distribuição, metabolismo e excreção). A farmacêutica e professora da Universidade Federal de São João del Rei (UFSJ), Cristina Sanches, trabalha com farmacocinética clínica desde 2004 e observa as alterações que ocorrem no organismo, principalmente, com o uso de antimicrobianos. Ela explica que uma das questões cruciais desse trabalho é manter concentrações adequadas do medicamento no organismo. E essa medida acaba impactando também nos desfechos clínicos e indicadores econômicos em saúde. O monitoramento terapêutico de medicamentos (MTM) é uma prática realizada para medir a concentração de medicamentos no organismo do paciente, principalmente no sistema circulatório. O objetivo é ajudar o profissional a ajustar as doses para as necessidades específicas. O uso de MTM nos hospitais pode prevenir a ocorrência de problemas graves relacionados aos medicamentos e aumentar a segurança do uso destes. Uma das principais indicações de MTM se dá quando há necessidade de uso de um medicamento que apresenta estreita faixa terapêutica entre toxidade e eficácia. Cristina observa que muitas variantes interferem no monitoramento terapêutico, até mesmo o fato de uma pessoa metabolizar de forma mais rápida do que outra pode interferir na dosagem que se deve aplicar àquele paciente. “Outra barreira importante do monitoramento é que quando se sugere um ajuste de dose, muitas vezes, a gente encontra resistência do prescritor em mudar a dose”, destaca a especialista. Para avaliar essa concentração de medicamento no sangue, por meio da farmacocinética clínica, é preciso dispor de métodos ultrassensíveis que consigam quantificar concentrações baixas e altas dos medicamentos nos pacientes. “Existe uma relação direta entre dose, concentração plasmática e efeito. Então, com essa relação eu consigo ajustar a dose para obter melhores resultados. Se o nível está baixo, eu posso ter ineficácia, se o nível está alto, eu posso ter toxicidade”, alerta a pesquisadora. Rotineiramente, o monitoramento já é realizado de forma indireta, com parâmetros que não são de concentração plasmática, mas por meio de medição da pressão arterial ou dos níveis de insulina, por exemplo. “Se eu vou ajustar a dose de acordo com a pressão, se está alta, baixa, a conduta é reduzir ou diminuir a dose. A mesma coisa com a glicemia, eu vou ajustando a dose de insulina de acordo com os valores glicêmicos do paciente. Nestes casos, estou avaliando o efeito do medicamento, mas nem sempre é possível avaliar dessa forma, aí entra o MTM”, explica Cristina Sanches. Existem ferramentas que ajudam os farmacêuticos a realizarem cálculos farmacocinéticos e o ajuste de doses. Em pesquisa realizada em 2015, Cristina Sanches buscou formas de ajustar a dose de antimicrobianos para os pacientes brasileiros, por entender que por ser um povo miscigenado, o perfil farmacocinético pode ser diferente. “Por exemplo, eu tenho um paciente internado na UTI, caucasiano, branco, europeu, americano ou canadense. Será que a mesma dose que se usa nesses locais, para esses pacientes, eu posso usar na população brasileira, com toda a nossa miscigenação e todas essas questões de ancestralidade que interferem na farmacocinética do medicamento?”. Outra pergunta de pesquisa, que ainda não pôde ser respondida, é em relação aos indígenas brasileiros que hoje vivem nas cidades. “Será que eles têm a mesma farmacocinética dos outros habitantes?”, questiona a pesquisadora. A partir de um estudo realizado em conjunto com pesquisadores da Austrália e dos Estados Unidos, a equipe de cientistas validou um software de ajuste de doses voltado para a população brasileira. Com esse estudo foi feita uma adaptação cultural e linguística desse software, o que foi relatado no artigo, de 2020: “Adaptação linguística e cultural para a língua portuguesa de um software para ajuste de dose de antimicrobianos”. O trabalho também deu origem ao artigo “Software para ajuste de doses de antimicrobianos. Implicações nas concentrações plasmáticas e limitações práticas”. Neste estudo, a pesquisadora ressalta que são relatadas várias barreiras para a condução do estudo. Barreiras importantes que devem ser levadas em conta antes mesmo de pensar em implantar um serviço de MTM. Após conversarem com o desenvolvedor do software, os pesquisadores fizeram novas configurações e avaliaram a concentração plasmática, dando origem ao segundo artigo “Population Pharmacokinetic Model of Piperacillin in Critically Ill Patients and Describing Interethnic Variation Using External Validation”. E com os resultados comparativos entre a população brasileira e australiana, eles descobriram que é possível utilizar modelos já validados europeus, pelo menos no caso estudado, da Piperacilina. Texto: Murilo Caldas / Conselho Federal de Farmácia

Profissão de farmacêutico é a segunda com mais novos empregos no país

Segundo o portal Panorama Farmacêutico, baseado em estimativas do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), no ano passado, cerca de 49 mil farmacêuticos foram contratados com registro em carteira de trabalho, contra 31,3 mil de 2021. O saldo entre novos empregos e demissões é superior a 8,2 mil. Pelo terceiro ano seguido, a profissão farmacêutica é a segunda que mais gerou empregos formais no Brasil entre as carreiras com exigência de diploma, atrás somente dos enfermeiros. Esse dado ajuda a mapear uma das áreas que experimentou o maior nível de crescimento e transformação nos últimos tempos. Antes da pandemia, a profissão farmacêutica era a quarta carreira com maior contingente de novos empregos. A Covid-19 ajudou a acelerar o interesse por esses profissionais, mas especialistas entendem que a demanda por mão de obra no setor não está somente atrelada ao coronavírus. Como exemplo, a Resolução CFF 720/2022, que regulamenta os padrões para implementar consultórios farmacêuticos independentes, estimulou novos recrutamentos. “Para completar, temos agora a Resolução CFF 727/22, que regula a atividade de telefarmácia. Essa inovação ajuda a aproximar o farmacêutico do paciente e pode significar um diferencial competitivo na carreira”, ressalta o consultor farmacêutico, Tiago Bocalon. Piso dos farmacêuticos Em 2022, o Conselho Federal de Farmácia (CFF) se mobilizou para que o projeto de lei (PL) sobre o piso nacional para os farmacêuticos fosse aprovado. É uma grande batalha em prol dos profissionais e de condições mínimas para que a categoria tenha o devido reconhecimento e valorização. A luta é para o aumento de oportunidades de trabalho com pré-requisito obrigatório de uma remuneração justa e condizente com a realidade do país. Em 2023, a mobilização pela aprovação do #PisoJá será ainda maior. O PL do piso salarial do farmacêutico foi aprovado, em novembro, na Comissão de Seguridade Social e Família (CSSF) e seguiu em tramitação, dentro da Câmara dos Deputados, para a Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público (CTASP), onde recebeu pedidos de vista e sua votação foi adiada para este ano. O presidente do CFF, Walter Jorge João, reafirma o seu compromisso com o piso dos farmacêuticos. “Estamos empenhados em conseguir fazer com que esse PL seja aprovado. A nossa profissão é indispensável à saúde da sociedade brasileira. Precisamos de união entre os farmacêuticos e foco! A mobilização vai ser ainda maior em 2023”, destacou.

Livro aborda criação da primeira vacina brasileira contra Covid-19 pela Fiocruz

No início da pandemia da Covid-19 no mundo, diversos países, governos, institutos de pesquisas, empresas e universidades, empreenderam esforços para descobrir uma solução que protegesse a população da doença e de seus efeitos. Uma vacina contra a Covid-19 foi considerada a alternativa mais viável. Assim, considerando a importância da vacina para melhor preparar a população dos impactos da Covid-19, pesquisadores e entidades vinculadas à saúde iniciaram em 2020 uma corrida para acelerar o seu desenvolvimento. Alguns desafios existiram para a criação da vacina, como o prazo para o desenvolvimento, pois uma vacina leva cerca de dez anos para ser produzida. Esse prazo seria inviável para a Covid-19, pois os efeitos seriam ainda mais devastadores. No Brasil, as circunstâncias econômicas, geográficas, históricas e institucionais conformaram um ambiente particular que requeria soluções específicas para sua realidade. Nesse cenário, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e Bio-Manguinhos/Fiocruz foram protagonistas na busca de soluções para enfrentar a pandemia, incluindo a vacina. De autoria de Maurício Zuma Medeiros, Beatriz de Castro Fialho, Priscila Ferraz Soares e Daniel Pacheco Lacerda, o livro “A primeira vacina 100% brasileira contra a Covid-19: a conquista de Bio-Manguinhos/Fiocruz” (Editora Fiocruz, 2020), conta os esforços empreendidos para a criação da vacina no Brasil. O objetivo da publicação é expor uma visão ampla, na perspectiva dos distintos atores envolvidos, do conjunto de esforços e inovações empreendidos para viabilizar uma vacina que proteja a sociedade brasileira da Covid-19. Para a elaboração desta obra, foram realizadas análises bibliográficas e documentais, além de entrevistas com pessoas envolvidas nos processos. Acesse aqui e faça o download do livro! O livro foi estruturado em quatro partes englobando 14 capítulos. Essas partes e capítulos consideram uma sequência lógica considerando os processos de prospecção, encomenda e transferência tecnológica – além disso, desde a produção e o fornecimento, pós-marketing e farmacovigilância até a distribuição da vacina e a vacinação da população brasileira. Por fim, são explicitados os processos que permeiam toda a cadeia de valor, como a governança, a gestão do projeto e a estratégia regulatória. Conteúdo originalmente publicado no site do Conselho Federal de Farmácia